segunda-feira, 31 de outubro de 2016

MARANHÃO, REINO DA MENTIRA?

Hoje de manhã, indo à casa de minha irmã Vivianne resolver umas questões de empreendimento que estou fazendo em ambiente familiar, parei em frente à guarita do residencial em que ela mora...

Apresentei-me ao porteiro, Seu Sebastião!

Então, ele aproveitou para fazer uma propaganda de uma atividade religiosa, realizar-se-á no dia 02 de novembro, finados...


Reparei que era do Pr. Valdoriro, opositor do calendário católico da referida data...

Ele perguntou a mim se eu tinha alguma religião.
Falei que não... 

Não entrei em detalhes, disse que não tinha. Evitei de dizer que sou ateu e recebi com toda cordialidade...
Então ele me falou que se eu tivesse "Fé", escreveria nesse panfleto para que minha graça fosse contemplada... 

A princípio até antes mesmo que fosse para o culto já estaria sendo contemplado, pois começou a chuviscar....  

Imaginei: 

- Éguas! Já tá desse jeito? (quase titubeei em relação ao meu Ateísmo!)

Agradeci e segui meu rumo...

Falei para minha mana e prossegui contemplando o chuvisco no terraço dela...

Mas foi como um cuspe de "Pedroca"! Logo o tempo abriu e percebi que tudo fora uma quimera!!!

Eita que este tempo, mesmo com as recentes previsões meteorológicas dos jornais não conseguem acertar o dito veredicto desta chuva que não quer cair...

Daí lembrei-me de Padre Antônio Vieira, que sempre referiu aqui na época do Maranhão Colonial, era o "Reino da Mentira"... Usando as palavras dele no Sermão da Quinta Domingueira da Quaresma: 

“Por me não sair, contudo, do que hoje todos esperam, estive
considerando comigo que verdades vos diria, e, segundo as notícias que vou tendo desta nossa terra, resolvi-me a vos dizer uma só verdade”, continua, “Mas que verdade será esta? Não gastemos tempo. A verdade que vos digo é que no Maranhão não há verdade” (VIEIRA (1654),2008b, p. 11).

Em sua Tese (Imaginação social jesuítica do Padre Antônio Vieira no Maranhão do Século XVII, página 83), Josenildo Campos Brussio afirma que: 

(...)
A mesma instabilidade do tempo é retratada quando um piloto precisa usar um astrolábio para guiar o seu navio. Como sabido, o astrolábio é um instrumento de orientação geográfica que funciona com o uso da luz solar e era muito utilizado pelos navegantes. Para agravar a mentira no Maranhão, o padre afirma que nestas terras até o sol mente: “de maneira que o sol, que em toda parte é a regra certa e infalível por onde se medem os tempos, os lugares, as alturas, em chegando à terra do Maranhão, até ele mente. E terra onde até o sol mente, vede que verdade falarão aqueles cujas cabeças e corações ele influi” (VIEIRA (1654), 2008b, p. 12)

E foi assim que me senti com este tempo mentiroso... assim como ontem em tempos do segundo turno das eleições municipais aqui de São Luís!

DESCULPEM MEUS DEVANEIOS...

P.S.: A minha "Fe"! Seu Sebastião:

- Sou Caótico e não abandono meu caFÉ! rsrss

 

__________________

Tese a disposição neste link:
Imaginação social jesuítica do Padre Antônio Vieira no Maranhão do Século XVII





Um comentário: