sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

POESIA SOTURNA



DESABAFO DESCALABRO



Meus pesadelos são eternos,
Meus sonhos, efêmeros...
Meus delírios são meus guias:
                                      [sustentação
Pois minha lucidez,
Acusa-me do que não pretendo ser
Jaz que neste antro mundano,
Tudo é referência ao escarro
Em que o Sistema te estabelece
E impinge à mais torpe das pretensões
Guiando em sucumbir a favor da maré:
                                                     [ilusão
Jogo do Poder!
O eterno retorno do desgosto insano
Acusando-nos dos delitos inversos
Ao subvertermos à Ordem estabelecida!
Eis que minha apóstata revela
A libertação de tudo atroz contido
Na fé cega d’aqueles que um dia pretendeis
Alcançar as dádivas da liberdade
Aqui ou em outro mundo...
Ó delírios incontidos na ingênua salvação!
Perplexidade dilui nos rincões soturnos:
                                                 [condição
Incontida perante à fome de Saturno*
Forjemos de fato a libertação concreta!
O real está contido na sinestesia da vida!
Do imponderável de uma fé revelada,
um antagonista invisível e criado
De nossos desesperos inauditos que um dia
Inverteu-se de criatura para nosso algoz!
Onde está a esperança?
Onde?
Onde está o destino?
Onde?
Que seja em você,
Ou em mim que queira ver,
Sentir e redimir de tudo? Que importa isto tudo? Que queiras um momento sóbrio
Ou de devaneios a responder? Que se foda você ou ao sistema que tenta crer,
Que nestes momentos venham fazer
Por mim ou por você!
                     
(Anjo da Esbórnia)

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* Refere-se à pintura de Goya: Saturno devorando um filho.


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